Notas sobre esse vinho

Um Syrah de alma portuguesa e sotaque internacional. No nariz, uma fusão elegante de ameixa preta, violeta, pimenta preta moída na hora e um toque defumado que lembra carvão vegetal e ervas da serra. Em boca, é intenso e refinado: taninos finos, textura aveludada, fruta madura no ponto e uma acidez que traz frescor mesmo na profundidade. O final é longo, com notas de cacau amargo, grafite e um eco mineral típico do xisto duriense.

Produzido em quantidades limitadas a partir de parcelas cuidadosamente selecionadas no coração do vale do Douro, esse Syrah expressa a adaptação surpreendente da casta ao terroir quente e pedregoso da região. Fermenta em cubas de inox com maceração prolongada e estagia em barricas de carvalho francês por cerca de 12 meses, buscando equilíbrio entre potência, finesse e identidade do lugar.

Produtor: Quinta do Noval.

O nome “Quinta do Noval” apareceu pela primeira vez em registros no ano de 1715. A propriedade pertenceu por mais de um século à família Rebello Valente, que recebeu as terras do Marquês do Pombal, poderoso Primeiro-Ministro português em meados do século XVIII. No começo do século XIX, o Estado, como resultado de um acordo matrimonial, passou as terras ao Visconde Villar d’Allen, que era famoso por ser anfitrião de grandes festas na propriedade, trazendo dançarinas do Folies Bergères, famosa casa de música de Paris.

Entretanto, nos anos 1880 um revés atingiu a região. O Douro foi atacado pela praga Filoxera e, como muitas propriedades, a Quinta do Noval foi colocada à venda. Em 1894, foi adquirida pelo distinto António José da Silva, produtor de Vinho do Porto. António da Silva revitalizou a Quinta do Noval, replantando vinhas e renovando as adegas e demais prédios.

Seu trabalho foi continuado pelo genro, Luiz Vasconcelos Porto, que dirigiu a companhia por quase três décadas. Luiz o autor de um vasto conjunto de inovações, transformando os antigos socalcos estreitos em socalcos mais largos, que são características que distinguem o Noval, com as suas escadas caiadas de branco. Esses socalcos permitem uma utilização mais eficiente do solo e uma melhor exposição solar, tendo sido considerados revolucionários em sua altura.